Uma decisão da Justiça Desportiva do Paraná gerou forte repercussão e indignação no meio esportivo. Durante a partida entre Batel e Nacional, realizada em 4 de outubro, o zagueiro Paulo Vitor foi alvo de injúrias raciais proferidas pelo volante Diego, que, segundo relatos e provas apresentadas, chamou o adversário de “macaco”.
A defesa de Diego tentou argumentar que o termo teria sido “malaco”, mas a justificativa não foi aceita pela comissão disciplinar. Mesmo assim, o jogador recebeu apenas sete jogos de suspensão e uma multa de R$ 2 mil, punição considerada branda diante da gravidade do ato e do que prevê o Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD), que permite até dez partidas e multa de até R$ 100 mil.
Já Paulo Vitor, que reagiu à ofensa com um soco no agressor, foi punido de forma mais rigorosa, dez partidas de suspensão, sendo quatro pela agressão e seis por uma cusparada registrada em imagens anteriores. O Batel, clube de Diego, foi absolvido, sob o argumento de que a demissão do atleta configuraria uma atitude de repúdio suficiente.
A disparidade nas punições provocou revolta entre torcedores, atletas e especialistas. Para analistas do esporte, o caso evidencia as falhas estruturais no combate ao racismo no futebol brasileiro, onde a vítima, ao reagir a um ataque, acaba sendo penalizada de forma mais dura que o agressor.
“Como entender um julgamento em que quem sofre injúria racial é punido mais severamente do que quem a comete?”, questionou Paulo Vitor em entrevista recente, reforçando o sentimento de injustiça”.
O episódio reacende o debate sobre a eficácia das medidas de combate ao racismo nas competições nacionais e a forma como as entidades esportivas lidam com a violência racial. Enquanto isso, cresce a pressão por mudanças no sistema disciplinar, para que casos como esse não voltem a punir quem sofre o preconceito, e sim quem o pratica.
*Estagiário sob supervisão da redação.







