O STJD absolveu Bruno Henrique da acusação de fraude ligada a apostas esportivas e anulou a suspensão que poderia tirá-lo de até 12 jogos pelo Flamengo. O atacante ficou apenas com uma multa de R$ 100 mil por descumprimento de regulamento, prevista no artigo 191 do CBJD. A decisão, tomada por maioria no Pleno, reacende a preocupação sobre como o futebol brasileiro lida com suspeitas de manipulação.
A investigação começou após casas de apostas identificarem movimentações suspeitas envolvendo o cartão amarelo que Bruno Henrique recebeu contra o Santos, em 2023. Conversas encontradas no celular do irmão do jogador alimentaram ainda mais as dúvidas. Mesmo assim, seis dos nove auditores entenderam que não havia provas suficientes para afirmar que o atleta agiu de forma deliberada para influenciar o jogo, requisito central do artigo 243-A, que trata da fraude.
Com isso, caiu a parte mais pesada da denúncia, justamente a que previa a suspensão. O relator Sérgio Furtado Filho afirmou que os indícios levantados “não demonstram que o atleta tenha atuado de maneira deliberada para alterar o resultado da partida”, e defendeu punição apenas por desrespeito ao regulamento, aplicando a multa máxima do artigo 191.
Apesar da absolvição, especialistas já veem a decisão como um sinal preocupante. Isso porque, em um cenário cheio de apostas esportivas e suspeitas frequentes de manipulação, a mensagem transmitida é a de que sem prova direta, quase impossível nesses casos, dificilmente haverá punição esportiva relevante. O caso de Bruno Henrique acaba reforçando a crítica de que o futebol brasileiro ainda não consegue combater de forma contundente a manipulação de resultados.
O jogador, que já havia conseguido efeito suspensivo para seguir atuando, agora está oficialmente liberado de qualquer suspensão. Inclusive, fez um dos gols da vitória por 3 a 2 sobre o Santos no último domingo, no Maracanã. No fim das contas, a maior polêmica fica menos no que Bruno Henrique fez ou não fez e mais no que a decisão representa em um momento crítico para a integridade esportiva no país, onde não foi a primeira suspeita e nem será a última.
*Estagiário sob supervisão da redação.
