A gasolina no Distrito Federal voltou a subir de preço nos postos da capital federal. O novo aumento aconteceu uma semana depois da principal queda dos valores, depois da redução do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), que deu um alívio para o bolso do brasiliense.
A diferença foi de alguns centavos, variando em cada posto, mas indica um movimento comum no mercado de combustíveis. De acordo com o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis e de Lubrificantes do DF (Sindicombustíveis-DF), Paulo Roberto Correa, os preços mais baixos anteriores eram uma estratégia do comércio para atrair mais clientes.
“Durante o período de férias, os carros costumam sumir um pouco dos postos de combustível [ou devido a viagens feitas pelos clientes ou por não precisarem se deslocar até os respectivos locais de trabalho], então muitos colocam o preço mais baixo. Mas já vemos que algumas aulas estão voltando e, por isso, os valores estão voltando à normalidade para ficarem novamente acomodados”, explicou.
Pode subir mais
A média do preço dos combustíveis estava em R$ 7,63 antes da redução do ICMS local. Após a queda de cerca de R$ 1,62 do imposto, o valor a ser praticado seria de aproximadamente R$ 6,01. Com a gasolina comprada em uma média de R$ 5,25 pelos postos, o preço de venda a R$ 5,29 só será sustentável a um prazo muito curto. O presidente do Sindicombustíveis, portanto, destaca que esta é uma adequação comum dos preços.
“Na nossa análise, o que acontece é uma acomodação natural de um preço que estava em promoção”, disse. “O primeiro item a atrair um cliente é o preço, então não posso perder meu cliente. Se o posto vizinho faz promoção no preço, eu tenho que fazer também”, disse. Sendo assim, a promoção acontece em cadeia, razão pela qual a maioria dos postos de combustível estava praticando o mesmo preço nas bombas.
Portanto, é possível que os postos de gasolina ainda subam o preço do combustível nos próximos dias e semanas até chegar a um valor de aproximadamente R$ 6,10 ou R$ 6,20.
Bolso pesou
Segundo o pedreiro Antônio Pereira da Silva, de 42 anos, que mora no Paranoá, mas que faz muitos serviços em Águas Claras – a cerca de 40 quilômetros da cidade onde mora –, o custo anterior da gasolina estava insustentável para continuar trabalhando. Ele aproveitou a baixa para conseguir alguns outros trabalhos e abastecer o carro, mas não como anteriormente.
“Está terrível. E os postos estão variando bastante. O preço deveria ser tabelado, porque está tudo muito caro. Eu estava gastando R$ 300 por semana para ir trabalhar em Águas Claras. E a inflação disparada nos mercados torna as coisas ainda mais complicadas”, disse. “Eu deixei de trabalhar em muita coisa porque a maioria das obras que eu pegava era em Águas Claras e Vicente Pires. Tô quase um mês parado porque não tenho condições de manter o carro.”
Antônio acredita que a redução dos preços nos postos de combustível é essencialmente política, principalmente por se tratar de ano eleitoral. “Eles fazem isso para tentar amenizar as coisas”, opinou. “Está feia a coisa. Estamos sendo jogados e escravizados no Brasil. Nosso salário está dando somente para comer o básico.”
O empresário Bruno Henrique, 37, afirmou que devido à alta demanda de compromissos no trabalho e assuntos pessoais a resolver, não há como evitar as saídas durante a semana para ter menores gastos com a gasolina. A rotina, portanto, se mantém fixa. Em meio aos impactos da pandemia, às movimentações políticas no país e ao cenário internacional, ele torce para que os preços baixem cada vez mais.
“[O preço da gasolina] é um reflexo no Brasil do que está acontecendo no mercado exterior, mas a gente fica instável, porque uma semana fica mais barato, na outra sobe um pouco. É bem instável, temos que aguardar resolver”, relatou. Com o carro modelo flex, ele prefere colocar álcool para tentar amenizar os custos com as viagens. “Para mim a diferença compensa. Gasolina eu não coloco mais já tem um bom tempo. Está complicado”, finalizou.