De acordo com os dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) divulgados pelo IBGE (Instituto de Geografia e Estatística), relativos ao trimestre encerrado agora em março, a taxa de desocupação dos postos de trabalho que era de 11,1% no trimestre anterior se manteve estável no período de janeiro a março deste ano.
Na época a taxa observada foi de 14,9%. Período de pandemia, que segundo os economistas justificou o aumento do desemprego no país. Setores como turismo e diversão inflaram as taxas.
A pesquisa mostra que a população desocupada 11,9 milhões de pessoas ficou estável frente ao trimestre de outubro a dezembro de 2021 quando somava 12,0 milhões de pessoas. No mesmo período em 2021 eram 15 milhões de desempregados. Queda de menos 3,3 milhões de pessoas. Mas ainda se mantem na casa dos 2 dígitos. Comportamento visto com preocupação pelos economistas. Benito Salomão da chefe da Gladius Research diz que o Brasil não consegue avançar.
“Isso nos preocupa porque o Brasil não está sendo capaz de diminuir a sua taxa de desemprego mesmo com a reabertura da economia, depois da pandemia com o processo vacinação já bastante avançado e com a recuperação econômica no setor de serviços”, afirma.
De acordo com a PNAD a população ocupada, 95,3 milhões de pessoas diminuiu 0,5%, ou seja, são 472 mil pessoas fora do mercado de trabalho comparando ao trimestre anterior deste ano. A taxa em 2021 subiu 9,4%, somando mais 8,2 milhões de pessoas.
Ainda segundo o economista os empregos gerados são de baixos salários, baixa produtividade e que realmente estão muito aquém das necessidades de uma país que precisa crescer com distribuição de renda.
“O Brasil precisa encarar essa questão do desemprego. O governo precisa propor políticas públicas para geração de novos postos de trabalho para atender uma população de 12 milhões que não encontram serviço” disse.
Políticas públicas para gerar emprego
Para o professor de economia da UnB, José Luiz Oreiro, os dados do IBGE em que mostram a estabilidade do desemprego em 11,1% no primeiro trimestre deste ano, em relação ao mesmo período de 2021, são preocupantes;
De acordo com ele, o dado agravante é que o desempenho da economia continua fraco e ainda são quase 12 milhões de desempregados no país. E para piorar, grande parte de quem estava procurando emprego deixou de fazê-lo, revelando desalento.
O economista destaca ainda que é preciso enfrentar outros problemas recorrentes do mercado de trabalho, como o desalento e a informalidade que expõe os trabalhadores a prejuízos de direitos trabalhistas.
“Políticas públicas de trabalho que visem estimular o emprego de boa qualidade precisam ser pensadas, e precisam ser associadas com políticas de desenvolvimento regional, lembrando que em algumas regiões do país a média de desemprego chega a ser proporcionalmente maior que os números nacionais”, afirma Gladius Research.
Obras de infraestrutura
Entre as ações para gerais mais empregos no país, José Oreiro cita as obras de infraestrutura básica como pavimentação de ruas, construção de estradas, portos, aeroportos, usinas de energia elétrica e torres de transmissão.
“O problema é que o governo não está fazendo absolutamente nada em termos de políticas públicas de geração de emprego. Bolsonaro e sua equipe econômica estão mais preocupados em não ultrapassar o tal teto de gastos, obra de pura ficção contábil porque o governo já ultrapassou esse teto faz tempo”, criticou o professor de economia da UnB.
José Oreiro encerra a análise dizendo que o governo utiliza o teto de gasto para não fazer investimentos em política pública, mesmo com o créscimento econômico previsto para 1% em 2022. “Um crescimento rídiculo”, afirma o economista.