A PGR (Procuradoria-Geral da República) afirma não ter sido avisada sobre a operação deflagrada na manhã desta terça-feira (23) contra empresários bolsonaristas. Ela foi realizada a pedido da PF (Polícia Federal) e autorizada pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes.
Fontes do Supremo dizem que a notificação aconteceu às 14h41 desta segunda (22), depois, portanto, de o ministro já ter tomado a decisão de autorizar a operação.
A informação no tribunal é a de que a PGR foi intimada por certidão assinada por uma servidora que costuma receber esse tipo de documento. Na PGR, no entanto, interlocutores do procurador Augusto Aras afirmam que a notificação sequer chegou e não consta no sistema.
O sistema regular de intimação é via oficial de justiça no gabinete do PGR, o que não teria acontecido. A servidora mencionada pelo STF não seria do gabinete.
Com isso, as diligências foram autorizadas por Moraes sem que o Ministério Público se manifestasse a respeito.
A atuação de Moraes tem gerado críticas de integrantes do Ministério Público, que afirmam que o órgão acusatório precisa ser ouvido antes. O presidente Jair Bolsonaro (PL) chegou a protocolar ação contra o magistrado por abuso de autoridade por ter driblado um pedido da PGR de arquivamento do inquérito dos atos antidemocráticos abrindo outro, o de milícias digitais, com investigações semelhantes.
A PF cumpre, na manhã desta terça (23), mandados de busca contra empresários que em um grupo de mensagens defenderam um golpe de Estado, caso o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vença Jair Bolsonaro (PL) nas eleições presidenciais.
Além das buscas, o Moraes também autorizou que os empresários sejam ouvidos pela PF e o bloqueio de redes sociais.
Entre os alvos estão Luciano Hang, da Havan, José Isaac Peres, da rede de shopping Multiplan, Ivan Wrobel, da Construtora W3, José Koury, do Barra World Shopping, André Tissot, do Grupo Sierra, Meyer Nigri, da Tecnisa, Marco Aurélio Raymundo, da Mormaii, e Afrânio Barreira, do Grupo Coco Bambu.