Com sete já regularizadas, DF tem mais 17 em processo de regularização; em São Sebastião, a horta Girassol, existente há 17 anos, fornece alimentos para a comunidade e para uma creche
Catarina Lima, da Agência Brasília | Edição: Claudio Fernandes
Garantir uma alimentação de boa qualidade a um custo mais baixo tem sido possível para pessoas com acesso as seis hortas comunitárias urbanas existentes no DF. São duas em São Sebastião, uma em Sobradinho, uma no Guará, uma no Sudoeste e duas na Asa Norte. O coordenador do Programa de Agricultura Urbana da Emater, Rogério Viana, destacou a possibilidade de transformar um terreno baldio em uma horta produtiva e a integração que a iniciativa promove entre as pessoas envolvidas. As hortas comunitárias são regulamentadas pela lei distrital nº 4.772, de 2007.
Construir hortas no DF faz parte do Programa de Agricultura Urbana da Emater, cujo objetivo é incentivar a segurança alimentar. Os equipamentos podem ser implementados em escolas e áreas públicas, unidades públicas de saúde, prédios e áreas disponíveis da administração direta e indireta, terrenos de utilidade pública e terrenos particulares e condomínios. A Emater dá suporte aos equipamentos com doação de insumos (adubo e sementes) e assessoria técnica.
O coordenador da Política de Apoio à Agricultura Urbana e Periurbana da Secretaria de Agricultura (Seagri) e responsável pelo projeto das hortas urbanas, Lúcio Passos, disse que, além das sete hortas já regularizadas, existem 17 em processo de regularização. “A Secretaria de Saúde, por exemplo, tem um projeto de construção de quatro hortas de plantas medicinais”, explicou.
Uma das hortas mais conhecidas e efetivas da cidade é a Girassol, em São Sebastião, construída em 2005 em um terreno baldio. No início, a intenção dos participantes do projeto era evitar a proliferação de ratos. Foram feitas duas pequenas hortas e cercadas com tela. Hoje são 5 mil m² de área plantada. A coordenadora do projeto, Hosana Alves, agora aguarda ansiosa a chegada do dia 12, quando a horta receberá o documento de regularização.
De lá para cá, o ganho não foi apenas em espaço físico. Hosana e outros nove responsáveis pela horta Girassol tiveram o reconhecimento do trabalho realizado. Já ganharam um prêmio da Organização das Nações Unidas (ONU) pelo projeto. A horta ficou em segundo lugar no concurso da Melhor iniciativa Urbana, promovido pela Secretaria de Meio Ambiente (Sema), e foi vencedora do Prêmio BRB na categoria que reúne trabalhos geridos por mulheres.
Hosana não sabe ao certo o volume da produção da horta, mas destaca o destino do que é cultivado nas terras da Girassol. Parte da colheita é vendida a preço de custo para pessoas que fazem parte da Comunidade que Sustenta a Agricultura (CSA). O morador paga R$ 250 por mês e recebe uma cesta básica por semana com os produtos da horta. Outra parte é vendida à população em geral, e o excedente é doado à creche Espaço Interativo Nova Geração.
Na horta Girassol, todos são voluntários. Apenas a pessoa responsável pela produção recebe salário. “O que queremos é transformar a horta em escola. Mais de 70 pessoas já foram capacitadas em agroecologia”, afirma Hosana.