O consumo de cigarros tradicionais está caindo no Distrito Federal, mas o uso de cigarros eletrônicos, os chamados vapes, preocupa. Segundo o Boletim Epidemiológico de Controle do Tabagismo, divulgado pela Secretaria de Saúde do DF, em 2023, o DF registrou uma queda no número de fumantes: a taxa caiu para 8,4%, o que representa cerca de 204 mil pessoas. Em 2019, o índice era de 12%, com mais de 271 mil usuários.

Apesar dessa redução no cigarro convencional, o DF aparece em primeiro lugar no país no uso de dispositivos eletrônicos para fumar, com 5,7% da população adulta fazendo uso desses produtos. O alerta veio durante evento realizado pela Secretaria de Saúde na Escola de Governo, como parte das ações do Dia Nacional de Combate ao Fumo.

O coordenador do Programa de Controle do Tabagismo, Saulo Viana, disse que o cenário é preocupante, principalmente entre os jovens. “Eles estão começando cada vez mais cedo com os vapes, que são ainda mais viciantes por causa da nicotina sintética”, afirmou.

O Programa de Controle do Tabagismo da SES-DF atendeu 1.728 pessoas em 2024, e só nos primeiros quatro meses de 2025, já foram 800 novos atendimentos. O serviço é gratuito e inclui acompanhamento médico, suporte psicológico e, quando necessário, medicação.

Segundo a especialista Nancilene Melo, referência técnica em tabagismo da Secretaria de Saúde, os cigarros eletrônicos estão longe de ser uma alternativa segura. “Eles contêm nicotina altamente viciante e várias substâncias tóxicas que causam inflamações, problemas pulmonares e cardiovasculares”, explicou. Ela também destacou que a indústria tenta atrair jovens com sabores e cheiros agradáveis, o que aumenta o risco de dependência. Muitos, inclusive, acabam se tornando usuários duplos, fumando cigarro comum e vape ao mesmo tempo.

Além do risco de dependência, o tabagismo continua sendo a principal causa de câncer de pulmão, doença que representa cerca de 85% dos casos da doença, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca). No Brasil, foram estimados 704 mil novos casos de câncer por ano entre 2023 e 2025, sendo aproximadamente 32 mil apenas de pulmão.

O subsecretário de Vigilância à Saúde, Fabiano dos Anjos, ressaltou que o combate ao tabagismo salva vidas e reduz os gastos com saúde pública. A Vigilância Sanitária tem intensificado ações de fiscalização, especialmente na venda de cigarros eletrônicos, e também aposta em campanhas educativas.

O atendimento para quem quer parar de fumar está disponível em 78 unidades de saúde do DF. Quem tiver interesse pode procurar a unidade mais próxima de casa ou do trabalho para saber mais sobre o programa.

Durante o evento do Dia Nacional de Combate ao Fumo, também foi lançado o edital do selo “Equipes Inovadoras no Controle do Tabagismo”. A iniciativa quer valorizar os profissionais que atuam na prevenção e inspirar novas práticas nas equipes de saúde. As experiências vencedoras serão apresentadas em um evento marcado para novembro, no Dia Nacional de Combate ao Câncer.

*Estagiário sob supervisão da redação.