De olho no voto evangélico e no tempo de televisão nas eleições de 2018, o governador Rodrigo Rollemberg (PSB) articula uma nova aliança com PROS, PHS e PSC. Cargos, regularização de templos, fim de derrubadas de construções religiosas e uma mudança radical na postura do governo estão na mesa de negociações. O alicerce deste projeto é o embarque do deputado federal Ronaldo Fonseca (PROS) na equipe de governo, direta ou indiretamente.
Com aproximadamente 840 mil pessoas, segmento evangélico teve papel decisivo nas últimas eleições no Distrito Federal. Conduzidas pelo governador em três reuniões, as tratativas com o PROS foram construídas exclusivamente com Fonseca e o presidente nacional da legenda, Eurípedes Júnior. A presidente regional da legenda, deputada distrital Telma Rufino, e o recém-filiado senador Hélio José não participaram da gênese das negociações.
Fonseca seria o interlocutor de Rollemberg com a comunidade evangélica, enquanto o PROS proporcionaria um tempo de TV considerável. Fonseca poderia assumir uma secretaria ou indicar um representante para a condução do espaço. Neste tabuleiro, Fonseca seria candidato ao Senado Federal pela chapa do governador.
Ao lado do PRB, PHS e PSC poderam sobre a criação de uma chapa majoritária evangélica para 2018. A frente chegou a sentar com o PPS, uma das principais siglas de oposição ao governo Rollemberg, para falar sobre o assunto, inclusive com a presença do senador licenciado Cristovam Buarque.
Teoricamente, Rollemberg já teria um elo com o PHS pelo fato de o deputado distrital da legenda, Lira, pertencer à base na Câmara Legislativa. Só que não. Nos bastidores, a cúpula da agremiação e o distrital não estão alinhados. Por outro lado, Fonseca nutre boas relações com os personagens condutores do PHS, podendo convencer a legenda para uma chapa governista em 2018.
Caso estas condições sejam alcançadas, aliados de Rollemberg calculam que o governo terá chance de negociar uma composição com o presidente regional do PSC, Daniel de Castro.
“De zero a dez? A chance de que eu aceite o convite é sete”, afirma Ronaldo Fonseca. Segundo o parlamentar, a gestão Rollemberg peca pela incapacidade de diálogo com a sociedade. Diversas alas do governo executam projetos pessoais, sem ouvir a população. Todavia, Fonseca observa pontos positivos, como a política fiscal e econômica.
Rede ainda pode sair
A construção da nova aliança de viés evangélico é uma reação do governo ao esfacelamento da base aliada original, responsável pela eleição de Rollemberg em 2014. PPS, PDT e PSD deixaram o Buriti. Rede e PRB cogitam o desembarque.
Neste sábado, a Rede definirá como caminhará em 2018. Filiado à legenda protagonizada por Marina Silva, o secretário do Meio Ambiente, André Lima, defende a continuidade da aliança.
“A gente não tem hoje elementos objetivos para defender a saída deste governo”, argumentou. Contudo, Lima admite que a maioria do partido defende o sepultamento da aliança.
Caso Fonseca entre pessoalmente no governo, abrirá vaga na Câmara dos Deputados para Vitor Paulo do PRB. O segundo nome da fila é do ex-presidente regional do PT, Roberto Policarpo. Entre o final de novembro e o começo de dezembro, a executiva regional do PRB fará uma reunião para bater o martelo sobre 2018. Segundo o presidente regional da legenda, Wanderley Tavares, o cenário está indefinido.
“Independente da conjuntura, é um governo que está passando por muita dificuldades e com uma rejeição muito grande do povo”, avaliou. Para 2018, o PRB mira incialmente na eleição de deputados federais. Em segundo lugar, projeta eleger um nome majoritário, para o governo do DF ou Senado.
Fonte: Jornal de Brasília/Francisco Dutra