A desistência de Rollemberg

15 de fevereiro de 2018 – 19:14
Por: Redação

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Dênio Simões/Agência Brasília

Ao postar uma defesa do governo Rollemberg (PSB), nas redes sociais, a secretária de Planejamento, Leany Lemos, colocou mais lenha na crise política turbinada pela queda do viaduto do Eixão. Com tom de desabafo, o texto virou mantra defensivo para os governistas, mas também inflamou críticas da oposição e até de personagens independentes na política candanga, como o ex-chefe de gabinete do governador, o diplomata e ex-participante do Big Brother Brasil, Rômulo Neves. Questionando a resposta do Buriti para o episódio, em uma análise ampla da gestão, Rômulo faz uma dura crítica: o governador deveria abandonar o projeto de reeleição.

O ex-chefe de gabinete de Rollemberg destacou dois pontos nebulosos no discurso adotado pelo GDF na crise do viaduto. Primeiro ponto, se o governo fez todo possível para evitar o desabamento, por quê exonerou Henrique Luduvice do comando do Departamento de Estradas de Rodagem (DER)? “Se o cenário real for esse, o Executivo deu um pé na bunda de um médico, após o profissional ter feito tudo para salvar o paciente. É um movimento incoerente”, diz.

O segundo ponto dúbio é o papel do próprio governador. “ A grande questão aqui, entretanto, não é se o diretor do DER executou ou não o orçamento, mas, se esse governador real tinha ou não controle sobre esses processos. Tinha ou não conhecimento do problema? Se tinha, é ruim. Se não tinha, é, igualmente, ruim”, pondera Neves. Fazendo um raio-x global da gestão, o diplomata julga que o governo entregou pouco. As exceções seriam o saneamento das contas públicas e os projetos para legalização habitacional e ocupação.

“Concluo, sugerindo fortemente ao governador real que abra mão de disputar a reeleição. Que finalize o bom trabalho, capitaneado pela eficiente Secretária de Planejamento, de sanear as contas públicas, mas que passe o bastão. Vai economizar muitos recursos públicos, evitando que seus funcionários diminuam drasticamente sua produtividade para fazer campanha. Vai evitar passar por uma derrota eleitoral – inevitável já que seu concorrente, considerando friamente o resultado de 2014, precisa reverter apenas 5,6% dos votos para ganhar as eleições (e duvido muito que o eleitorado do governador real tenha diminuído menos do que isso)”, afirma.

Contudo, o clima do governo é outro. O próprio governador elogiou o movimento de Leany. “Achei natural. Achei correto. A secretaria Leany é uma pessoa que tem vivido todas as dificuldades. Sabe das dificuldades que enfrentamos. Toda a situação de degradação do Estado que recebemos. E como tem sido difícil fazer a recuperação. Mas graças à Deus Brasília é uma cidade que está de pé”, diz Rollemberg.

Questionado pelo Jornal de Brasília se tinha ou não conhecimento da baixa execução do orçamento para o reparo de viadutos e pontes em seu governo, Rollemberg desconversou. O governador preferiu reafirmar os feitos da gestão, como a recuperação do complexo de viadutos da Rodoviária de Brasília e a recuperação da barragem do Ribeirão do Gama e de um viaduto de Ceilândia, onde duas pessoas morreram no governo passado, de Agnelo Queiroz (PT), por exemplo.

No rumo da radicalização

Aliados de Rollemberg prometem radicalizar na defesa técnica e política do governo, na corrida pela reeleição. Por outro lado, a oposição também pretende disparar chumbo grosso contra o governador. O pré-candidato ao Buriti e presidente regional do PTB, Alírio Neto, avisa: acusará o governador de crime de responsabilidade pela queda do viaduto na Justiça.

Entre os aliados de primeira hora de Rollemberg, o secretário de Cidades, Marcos Dantas (PSB), repassou o texto de Leany para a equipe da pasta. “Não dá para ficar calado. Se não fosse nosso pulso firme, o DF seria um Rio de Janeiro hoje. Estaria quebrado. Já que querem atacar mais forte. Vamos defender mais forte”, argumenta.

Segundo o presidente regional do PSB, e presidente da Fundação de Apoio a Pesquisa, Thiago Coelho, os secretários farão a defesa técnica, enquanto os partidos aliados lutarão na frente política.

No campo da oposição, Alírio, que participou da gestão Agnelo, diz ter em mãos farta documentação para entrar com ação de crime responsabilidade. “O governo deixou projeto básico e dinheiro. Rollemberg não tomou conhecimento dos pareceres técnicos e destinou os recursos para outras coisas”, dispara. No meio do tiroteio político da crise, servidores públicos também inflamaram as ressalvas contra o governo Rollemberg.

Versão oficial

“Meu texto foi pensado para dialogar com minha rede de amigos, sobre os desafios que enfrento cotidianamente desde a transição. Sabia que teria repercussão, mas não imaginava as proporções. Embora as pessoas tentem pessoalizar o debate e as minhas reflexões, falei como gestora. Lamentei que o post, com uma reflexão sobre politicas públicas e governabilidade tenha gerado simplesmente ataque pessoal, não uma crítica no campo das ideias, como a reação das corporações. No caso especificamente do Rômulo Neves, reafirmo meu respeito por ele. Trata-se de amigo, homem brilhante e apaixonado pela cidade como eu – com quem debato, mas de quem discordo. Nada mais além disso”. Quem diz é Leany Lemos, secretária de Planejamento.

Fonte: Jornal de Brasília/Francisco Dutra

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