Os aumentos do salário mínimo acima da inflação têm impulsionado a renda média dos trabalhadores e contribuído para a retomada do poder de compra no país. De janeiro a setembro de 2025, o rendimento médio real do trabalho cresceu 4%, segundo a Pnad Contínua do IBGE. O avanço reflete o impacto direto do piso nacional, especialmente em setores como serviços, comércio e construção, onde muitos trabalhadores recebem valores próximos ao mínimo.

A coordenadora do IBGE, Adriana Beringuy, explica que o reajuste do mínimo eleva não apenas as faixas mais baixas, mas também salários ligeiramente superiores, gerando um “efeito cascata”. Desde 2023, o governo retomou a política de valorização do salário mínimo, que garante aumento real baseado na inflação do ano anterior e no crescimento do PIB de dois anos antes. O valor passou de R$ 1.302 em 2023 para R$ 1.518 em 2025, alta real de 2,61%. Para 2026, a projeção é de R$ 1.630.

Setores como agricultura, construção e serviços domésticos tiveram os maiores aumentos salariais no último trimestre, com avanços de até 6,5%. Além do piso mais alto, o aumento do emprego formal tem contribuído para o crescimento da renda média. “Com mais trabalhadores com carteira assinada, o efeito do mínimo se amplia”, explica Adriana.

Segundo o Dieese, cerca de 60 milhões de brasileiros têm rendimentos atrelados ao salário mínimo. O reajuste de 2025 deve injetar R$ 81,5 bilhões na economia e gerar R$ 43,9 bilhões em arrecadação de impostos, superando o custo adicional estimado de R$ 38,9 bilhões. O aumento também beneficia aposentados e pensionistas, já que quase 70% dos benefícios do INSS têm como base o valor do mínimo.

A retomada da política de valorização tem ajudado a reduzir desigualdades e consolidar a recuperação do mercado de trabalho. Com mais empregos formais, maior arrecadação e renda em alta, o salário mínimo volta a cumprir seu papel de motor do crescimento econômico e da inclusão social.