O crescimento no número de casos de feminicídio no Distrito Federal em 2021 representa um aumento de 47,1% em relação ao ano de 2020. Segundo dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgados pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), divulgados na última terça-feira (28), a capital teve registrados 25 casos no ano passado e 17 em 2020.
No proporcional com os outros Estados do país, o DF fica em 1° lugar no número de homicídios femininos classificados como feminicídios, com 58,1% dos casos. Outro dado do Anuário Brasileiro mostra que na capital federal houve um aumento de 16,4% nos registros de tentativa de feminicídio, foram 78 casos em 2021 e 67 no ano de 2020.
Suposto crime de feminicídio
Na quarta-feira (29), uma mulher foi encontrada morta a facadas em Taguatinga, o corpo de Priscila Teixeira, de 33 anos, foi achado por volta das 10h na sua residência pela própria mãe, localizada na QNH 13. O principal suspeito é o namorado da vítima, Gustavo Brito, de 22 anos. Segundo relato de vizinhos, o homem estava com ela na noite de terça-feira (28) e após isso, não foi mais visto.
O caso segue sendo investigado pela 17ª DP de Taguatinga Norte, os oficiais acreditam que o crime tenha acontecido durante a madrugada de terça. Está sendo adotado um procedimento operacional padrão para investigação de um suposto crime de feminicídio. A motivação do crime ainda é desconhecida. A Polícia Civil informou que não dará mais informações à imprensa para não atrapalhar as investigações.
Casos em 2022
Segundo dados da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP/DF), em 2022 já foram registrados 6 casos de feminicídio no DF, entre eles, duas mulheres foram encontradas carbonizadas. No dia (07/5), foi encontrado o corpo de uma mulher carbonizado no Parque Gatumé, em Samambaia. A vítima, Brenda Pinheiro da Silva, de 26 anos, estava sem roupas e com ferimentos de pelo menos 22 facadas. A vítima morava com a mãe no Recanto das Emas e estava desaparecida há quatro dias.
De acordo com as investigações, ainda teria indícios de que a mulher possa ter sido estuprada antes de ser assassinada e ter o corpo queimado. Brenda deixou três filhos entre 3 e 10 anos. Ninguém foi preso até o presente momento.
No dia (18/5), outra mulher foi encontrada morta e com o corpo parcialmente carbonizado, a vítima era Marina Paz Katriny, de 30 anos. O namorado da vítima, Wallace Eduardo, 34 anos, foi indiciado por feminicídio qualificado após confessar que matou Marina após uma discussão com uma pedra, na BR-070, em Taguatinga Norte. Os dois tinham um relacionamento de cinco meses bastante conturbado, de acordo com as investigações.
O número de casos em 2022, segundo a SSP/DF, apresentou uma redução de 50% em comparação de janeiro a maio de 2021, que foi de 12 casos. A SSP ainda relata que “o enfrentamento ao feminicídio e à violência doméstica é prioridade”, e que conta com iniciativas e ações voltadas para os crimes de gênero e fortalecimento de mecanismos de proteção.
Em entrevista ao Jornal de Brasília, a delegada da Delegacia Especial de Atendimento à Mulher II da Ceilândia (DEAM II), Adriana Romana, contou que os crimes de feminicídio, em sua maioria, já vem de uma violência muito evidente que não ocorre do dia para a noite. A delegada ainda ressalta que os criminosos são na maior parte homens que não aceitam o fim do relacionamento.
“A maioria dos casos apontam que os autores são companheiros com relação íntima de afeto presente ou pretérita. Os homens fazem parte da maioria dos agressores, não tem uma relação homoafetiva, […] É uma relação de dominação do homem sobre a mulher, ele tem a crença de poder de dominação sobre os atos dela mesmo quando essa relação já não existe mais, […] Tudo isso é complexo e tem sido a motivação desses crimes aqui no DF”, contou Adriana Romana.
A delegada ainda conta que é de extrema importância que a mulher fique atenta quando começa as ações de perseguição. “Tem que buscar ajuda nas delegacias de polícia e órgãos de proteção, nós temos o sistema das medidas protetivas de urgência que precisam ser observadas e não aceitar a aproximação do agressor, […] Então essas mulheres precisam se conscientizar que elas estão em risco e que precisam romper com esse ciclo e procurar ajuda”, disse Adriana Romana.
Canais de ajuda à mulher
Em casos de violência doméstica, as vítimas podem procurar diversos órgãos do DF, como a Polícia Militar do DF (190) para a solicitação de uma viatura, a Polícia Civil do DF através do telefone (197), pelo Whatsapp: (61) 98626-1197, pelo e-mail: denuncia197@pcdf.df.gov.br ou pelo site: www.pcdf.df.gov.br/servicos/197/violencia-contra-mulher.
Há também as Delegacias Especiais de Atendimento à Mulher, a DEAM I da Asa Sul é localizada na EQS 204/205, a vítima também pode entrar em contato pelos telefones: 3207-6172 / 3207-6195 / 98362-5673 e pelo email: deam_sa@pcdf.df.gov.br. A DEAM II da Ceilândia está localizada no St. M QNM 2, os telefones são os: 3207-7391 / 3207-7408 / 3207- 7438.
A denúncia pode ser feita pelo disque 180, da Central de Atendimento à Mulher, canal da Secretaria Nacional de Políticas para as Mulheres; O Ministério da Mulher, Família e dos Direitos Humanos, pelo Whatsapp: (61) 99656-5008; Secretaria da Mulher do DF pelo Whatsapp: (61) 99415-0635; Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT) para as Promotorias nas regiões administrativas do DF pelo link: www.mpdft.mp.br/portal/index.php/promotorias-de-justica-nas-cidades.
Além disso, no Núcleo de Gênero pelos telefones: 3343-6086 e 3343-9625; na Defensoria Pública do DF através do Núcleo de Assistência Jurídica de Defesa da Mulher (Nudem) pelo Whatsapp: (61) 999359-0032, pelo e-mail: najmulher@defensoria.df.gov.br e pelo site: www.defensoria.df.gov.br/nucleos-de-assistencia-juridica/.