A Justiça condenou o Hospital Anchieta, em Taguatinga, a pagar R$200 mil a cada um dos pais de um menino de sete anos que morreu cinco dias após passar por uma cirurgia de amígdalas e adenoides.
De acordo com o processo, a criança saiu da sala de cirurgia sem o monitoramento adequado. Às 10h, entrou em apneia (quando a respiração para) e ficou cerca de 12 minutos sem ser avaliada, o atendimento só começou depois que a mãe percebeu algo errado e avisou a equipe. O prontuário médico mostrou que o monitor falhou e ninguém checou os sinais vitais da criança manualmente durante esse tempo.
O hospital disse que os equipamentos estavam funcionando normalmente e culpou o falecimento por supostas doenças pré-existentes da criança. Também argumentou que, se houve erro, ele seria de responsabilidade da equipe médica, não do hospital em si. Mas um perito técnico desmentiu essa versão. Segundo ele, houve falha grave no atendimento, se o monitor estivesse funcionando ou se a equipe de enfermagem tivesse verificado os sinais vitais a cada 15 minutos, como manda o protocolo, a apneia teria sido percebida a tempo e seria possível uma ação médica imediata.
Na sentença, a juíza afirmou que o hospital é responsável pelos erros cometidos e que ficou comprovado o descuido que levou à morte da criança. Ela também rejeitou a tentativa de culpar a obesidade infantil, dizendo que medidas simples poderiam ter evitado o pior. A indenização de R$200 mil para cada pai foi baseada em decisões anteriores da Justiça do DF. O valor será corrigido com juros mensais de 1%, contados desde o dia da morte.
O hospital ainda pode recorrer da decisão.
*Estagiário sob supervisão da redação.