O Brasil recebeu, nesta quinta-feira (9), um lote com 2.500 unidades do antídoto fomepizol, usado no tratamento de intoxicação por metanol, geralmente associada ao consumo de bebidas adulteradas. A aquisição é inédita no país e foi viabilizada pelo Ministério da Saúde, por meio do Fundo Estratégico da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), apenas oito dias após o ministro Alexandre Padilha acionar o mecanismo internacional. O medicamento, raro e de produção limitada no mundo, foi comprado de uma subsidiária de uma empresa japonesa e será incorporado ao estoque estratégico do SUS.
A distribuição começou ainda nesta quinta, com 1.500 unidades sendo enviadas prioritariamente para São Paulo, estado com o maior número de casos confirmados, que receberá 288 ampolas. Outros 12 estados com notificações suspeitas receberão suas remessas a partir desta sexta-feira (10), entre eles Pernambuco, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, Piauí, Espírito Santo, Goiás, Acre, Paraíba e Rondônia. As 1.000 unidades restantes permanecerão no estoque estratégico do Ministério da Saúde. A divisão das doses leva em conta o número de habitantes de cada estado, conforme dados do IBGE, garantindo uma distribuição proporcional e eficiente diante das emergências toxicológicas.
O fomepizol é uma alternativa moderna ao etanol farmacêutico, já utilizado em casos de intoxicação por metanol no país. Ele atua impedindo que o metanol se transforme em ácido fórmico no organismo, substância tóxica que causa a chamada acidose metabólica. Segundo a secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde, Mariângela Simão, a introdução do fomepizol complementa o arsenal terapêutico já disponível no SUS. “O etanol já está disponível em todas as unidades da federação. O que estamos oferecendo agora é uma segunda opção, adquirida via Opas com apoio da Anvisa”, afirmou. Ela também destacou que todos os estados terão acesso aos dois medicamentos, de acordo com a demanda local.
A Anvisa teve papel decisivo para a liberação rápida da importação. Em resposta à urgência da situação, a agência lançou um edital para localizar fabricantes do medicamento e autorizou a entrada do lote no Brasil em tempo recorde. Em paralelo, o Ministério da Saúde também vai receber uma doação de 12 mil ampolas de etanol farmacêutico da empresa brasileira Cristália, somando-se às 4.300 unidades já entregues aos estoques do SUS por hospitais universitários federais em parceria com a Ebserh (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares).
Até a manhã de quinta-feira (9), 1.485 ampolas do antídoto já haviam sido distribuídas conforme a demanda apresentada pelas secretarias estaduais de saúde. Além de São Paulo, outros dez estados e o Distrito Federal já receberam o etanol: Alagoas, Rio Grande do Sul, Goiás, Paraná, Acre, Ceará, Rio de Janeiro, Bahia, Mato Grosso do Sul e Pernambuco.
O surto de intoxicação por metanol já soma 259 notificações em todo o país, segundo dados atualizados até 8 de outubro. Desses, 24 casos foram confirmados, enquanto 235 seguem em investigação. São Paulo lidera com 20 confirmações, seguido por Paraná (3) e Rio Grande do Sul (1). Os casos em apuração também se concentram principalmente em São Paulo (181), além de registros em Pernambuco, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, Piauí, Espírito Santo, Goiás, Acre, Paraíba e Rondônia.
Em relação aos óbitos, cinco foram confirmados em São Paulo. Outros 11 estão sob investigação, incluindo um caso no Mato Grosso do Sul, três em Pernambuco, seis em São Paulo e um na Paraíba. Diante do cenário, o Ministério da Saúde reforça que o etanol farmacêutico deve ser utilizado apenas sob prescrição e supervisão médica em ambiente hospitalar. A população não deve, em hipótese alguma, fazer uso do produto por conta própria.
*Estagiário sob supervisão da redação.
*VIA GOV
